sexta-feira, 11 de junho de 2010

Artigo: Dinheiro e energia

Mais uma vez vamos conversar sobre um tema que agrada a todos ‘‘gregos e troianos‘‘.

O tema é: dinheiro. Esse tem sido um dos assuntos mais trabalhados ultimamente pelo Núcleo de Educação do Consumidor do Departamento de Economia Doméstica da UFC e ABED: orçamento familiar ou planejamento da renda familiar. Normalmente, nas palestras que são dadas, as pessoas mostram expectativas no sentido de que se possa demonstrar como fazer para que seu dinheiro, seu salário, sua renda possa atender a todas suas necessidades e aos seus desejos. Paralelo a isso, existe a reclamação quase unânime de que o salário é pouco, o governo paga pouco, a empresa paga pouco, e não dá para se fazer nem a metade do que se pretende! A pergunta é: como é que eu posso viver com este salário que a empresa, o governo (municipal, estadual, federal) me paga??!

Esse momento é sempre de impasse, porque antes de esboçarmos qualquer resposta, é necessário que façamos algumas considerações. Vivemos numa sociedade de consumo, num mundo capitalista, que produz bens e serviços que deverão ser consumidos mais e mais, num eterno círculo vicioso. Esses bens e serviços atendem às nossas necessidades e a nossos desejos. Para tanto, precisamos para adquiri-los, de capital, de dinheiro. O interessante é que nunca, em nenhuma época, se consumiu tanto, e por outro lado, também, nunca as pessoas se sentiram tão insatisfeitas.

Em sua coluna mensal Dinheiro & Alma (Revista Meu Dinheiro) o planejador financeiro Richard B. Wagner tece alguns comentários sobre o ‘‘vil metal‘‘. Wagner compara dinheiro aos elementos ar, terra, fogo e água. Diz ele : ‘‘o dinheiro partilha com o fogo as qualidades de formação, modelamento e transformação, juntamente com seu potencial de obliteração e aniquilamento. Como a água, o dinheiro é essencial para a sobrevivência. Ele permite que flores possam ser cultivadas no deserto, mas pode destruir tudo o que encontra, quando é usado de maneira insensata.

Em relação à terra e ao ar ele prossegue: ‘‘como o ar, o dinheiro é essencial para se respirar vitalmente, livremente. Como a terra, serve de solo fértil para os negócios, para a vida familiar e comunitária, e como alicerce básico para as construções humanas de todos os tipos‘‘.

Como se percebe, o dinheiro permeia toda a nossa vida. Mas retomando-se à questão orçamento familiar, acrescentamos que o planejamento da renda familiar deve estar incluído no planejamento de vida, como estabelecer a forma de gastar o dinheiro sem saber-se o que se quer para a vida (individual, familiar, coletiva)?

E aqui vai a questão chave: antes de concluirmos que o dinheiro é pouco ou que não dá para atender a todas as nossas necessidades, precisamos traçar objetivos para nossas vidas, estabelecermos metas, precisamos conhecer a nossa realidade financeira, as nossas reais necessidades e nossos desejos mais justos. E para tanto, antes de qualquer coisa, é bom respondermos algumas questões: Quais são nossos recursos? Qual a nossa renda? O que somos? Quem somos? O que realmente faz sentido em nossas vidas? Quais nossas necessidades, aspirações, desejos?

Quais são nossos problemas potenciais? Que poder concedemos ao dinheiro? Qual seu valor? Quais são nossos valores mais profundos? O que queremos para nós, para nossos filhos e para a coletividade? Em que mundo queremos viver? Falando em que mundo queremos viver me vem à mente aquela famosa frase que normalmente ouvimos das pessoas que não tem filhos. “Colocar filho nesse mundo”? Mas as pessoas nunca pensam que elas também têm a responsabilidade sobre tudo que acontece ao nosso redor. E quando pensarem nessa frase acrescentarem também a pergunta “ que tipo de filho eu deverei deixar nesse mundo” Como eu deverei preparar meu filho para esse mundo”?

Se após respondermos essas questões concluirmos que mesmo sendo organizados, e gastando nosso dinheiro adequadamente, ele ainda está curto, aí vão algumas sugestões:

1. Em curto prazo: busquemos nosso potencial criativo (individual ou familiar) e exploremos esses potenciais. Em outras palavras, capitalizemos nossas idéias!!! Afinal, todos nós temos talentos que nos diferenciam dos outros e que podem ser usados a nosso favor!

2. A médio e longo prazo: busquemos conhecer e exigir nossos direitos e deveres. Se os Direitos Humanos, a Constituição, o Código de Defesa do Consumidor (Artigo VI - Direitos Básicos) nos garantem o direito ao favorecimento, por parte do Estado, dos fatores vida, saúde, moradia, alimentação, educação e lazer e para alcançá-los precisamos de dinheiro, exijamos que o fruto do nosso trabalho, o nosso salário, a nossa renda, seja visto com mais seriedade. Exijamos que o salário mínimo atenda, pelo menos, às mínimas necessidades, que favoreçam a nossa dignidade humana. (direitos). Em contrapartida, ofereçamos o melhor de nós (deveres), busquemos o auto-conhecimento, o desenvolvimento de nosso potencial e usemos a nosso favor, a favor do bem-estar familiar e coletivo (valores humanos). Talvez dessa forma a gente se sinta mais rico. Abraços!!!



Shandra Carmen Aguiar. Presidente do Fórum Permanente de Defesa do Consumidor do Estado do Ceará -FPDC, Professora, Coordenadora do Núcleo de Educação do Consumidor e Admnistração Familiar da UFC. (EDUCON)

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