Ela abriga muitas lembranças de momentos bons entre família e amigos, mas já parou para pensar se compensa mantê-la?
No passado, era lá que família e amigos se reuniam para passar finais de semana, feriados e férias. Com o passar do tempo, porém, a rotina cansativa fez com que a casa de praia ficasse de lado. As idas ao litoral ficaram cada vez menos frequentes, mas o problema é que os gastos com o imóvel continuam. Diante disso, o que fazer?
É claro que o laço emocional com o imóvel é grande, já que foi lá que se passaram tantos momentos marcantes com pessoas queridas. Mas é preciso também pensar no bolso e em como a casa ou o apartamento parado pode estar tirando a possibilidade de se ganhar dinheiro, enquanto gera gastos desnecessários.
“As pessoas têm uma ideia errada de que o segundo imóvel é um patrimônio. Pode ser do ponto de vista tributário, mas ele é na realidade apenas mais um gasto”, afirmou o educador financeiro e fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil e Calil, Mauro Calil, para quem fica com a propriedade no litoral, mas não a frequenta.
Entre as opções para quem está com o imóvel parado, estão a venda ou o aluguel, sendo que neste último caso é possível locar para feriados ou para moradia. O que vale mais a pena?
Venda do imóvel
Se a opção for pela venda de imóvel, Calil afirmou que a pessoa não deve se prender ao lado emocional. “Muitos pensam que o imóvel vale um determinado valor, mas o mercado paga menos, e então a pessoa deixa de vender. Mas a verdade é que o imóvel vale aquilo que estão dispostos a pagar por ele”, afirmou.
Ele contou a história de uma cliente que tinha uma casa de praia e gastava R$ 3,5 mil ao mês, o que representava o equivalente a R$ 42 mil ao ano. O problema é que ela passava, em um ano, cerca de 42 dias na casa, que era avaliada em R$ 1 milhão. Se ela vendesse o imóvel por este preço e colocasse na poupança, considerando apenas a rentabilidade de 0,5% ao mês (sem contar a taxa referencial), ela teria um valor de R$ 5 mil mensais, o que ao ano daria R$ 60 mil.
Pense que a cliente estaria gerando uma renda de R$ 102 mil ao ano, o que decorre da economia com os gastos com o imóvel mais a rentabilidade proporcionada pela poupança.
Agora, se pensarmos em um imóvel de R$ 120 mil, a rentabilidade mensal será de R$ 600. “Não dá tanta rentabilidade quanto o Tesouro Nacional, por exemplo, mas não tem imposto de renda e taxas”, ressaltou Calil. Se a pessoa gasta R$ 250 ao mês com manutenção (IPTU e condomínio), ela estaria economizando R$ 850 no total, o que daria R$ 10,2 mil ao ano.
“Se dividir isso pelo número de dias que ocupa o imóvel, 50 por exemplo, daria R$ 204 ao dia. Isso paga uma estadia em pousada, hotel, com a vantagem de ter mobilidade, poder conhecer a praia, montanha, hotel fazenda etc.”, disse Calil, para quem não tem tanto apego emocional ao imóvel e considera a venda como uma opção.
Neste caso, considere também os gastos que terá para fazer a transação de venda, como contratação de uma corretora e documentação, por exemplo.
Aluguel do imóvel
É possível alugar de duas formas a casa na praia: ou para uma pessoa que vá morar nela ou para temporada. De acordo com o presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), José Augusto Viana Neto, a locação de veraneio é mais vantajosa por dois motivos: o primeiro é porque a permanência do inquilino não é constante. Assim, se o proprietário ainda tem dúvida sobre se vai frequentar a casa ou não, ele pode aproveitar nos períodos de desocupação.
O segundo motivo é realmente o retorno que a locação de temporada proporciona. “A renda de veraneio é superior à de moradia, mas é uma atividade de maior risco”, disse ele, completando que não se sabe para quem estará locando e os possível danos que esta pessoa pode trazer ao imóvel.
Em relação ao retorno, considerando aquele mesmo imóvel de valor de R$ 120 mil, Viana Neto disse que o valor do aluguel para temporada fica em torno de R$ 200 ao dia. No decorrer do ano, ele estima que as pessoas tendem a disponibilizar para locação cerca de 70 dias (10 em dezembro, 20 em janeiro, 20 em fevereiro mais 20 em feriados no decorrer do ano). Isso dá o total de R$ 14 mil ao ano.
O gasto com este imóvel de praia, de acordo com ele, fica em torno de R$ 150 com condomínio mais R$ 100 ao mês com IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), o que corresponde a R$ 250 ao mês e R$ 3 mil ao ano, sendo que sobrariam R$ 11 mil ao proprietário, sem contar outros gastos que possam vir a surgir.
Agora, no caso da locação para moradia, Viana Neto disse que, no litoral, o valor do aluguel fica em torno de 0,7% do valor do imóvel ao mês. Isso daria R$ 840 ao mês e R$ 10.080 ao ano, no caso da casa ou apartamento no valor de R$ 120 mil. Isso, menos os gastos com condomínio e IPTU de R$ 3 mil ao ano, daria R$ 7.080 anuais, sem contar outras despesas.
Mas é preciso considerar que o aluguel de temporada garante renda apenas em um momento do ano, quando o imóvel está disponível para locação. Quem precisa de uma renda constante deve optar, então, pela locação de moradia.
Investir em imóvel
De acordo com Viana Neto, para quem optar por vender o imóvel, “nem pensar em aplicação financeira com o mercado imobiliário brasileiro do jeito que está”. Para ele, nada melhor do que começar a investir mesmo em imóveis, a partir da compra e venda de unidades no próprio litoral.
“No litoral, existem muitas pessoas que fazem isso e, enquanto não aparecem pessoas para comprar a unidade, elas vão alugando”, afirmou, dizendo para as pessoas continuarem no litoral, caso vendam a casa na praia e queiram investir no mercado imobiliário. “A diferença de preços para uma cidade grande é maior, então o investidor não conseguirá comprar uma boa unidade”, destacou.
Porém, para quem pretende fazer isso, ele indicou que peça o auxílio de um especialista. “Para quem tem a intenção de investir no mercado imobiliário, tem de estar bem assessorado, para ter uma noção clara de mercado. Ele não é para amadores. Existem muitos detalhes, desde a avaliação física até a documentação do imóvel”, destacou.
Fonte: InfoMoney
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