A primeira vacina contra a esquistossomose --doença que atinge 200 milhões de pessoas no mundo-- deverá ser nacional. A empresa paulista Ourofino Agronegócio comprou a licença para produzir a imunização, que foi desenvolvida por uma pesquisadora brasileira.
De acordo com o diretor da companhia, Carlos Henrique, os testes em seres humanos começam ainda neste ano, e a vacina deve chegar ao mercado em 2015.
ANVISA
"Nós só estamos esperando a autorização da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para iniciar os testes em pessoas. O processo já está quase concluído, e as vacinas já estão produzidas", diz o executivo.
Os testes em animais tiveram índices de sucesso considerados bons. Em camundongos, a taxa de imunização chegou a 70%.
A técnica, assim como outras vacinas, usa um antígeno (substância que estimula a produção de anticorpos) para preparar o sistema imunológico do potencial hospedeiro contra um ataque do parasita, impedindo que ele se instale no organismo.
No caso, é utilizada a proteína SM 14, obtida do Schistosoma mansoni, verme que causa a doença na América Latina e na África.
O trabalho com a proteína foi feito pela médica e pesquisadora titular da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Miriam Tendler, no início dos anos 1990, e foi escolhido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um dos seis antígenos mais promissores no combate à doença.
LUCROS NA MIRA
Durante o processo de desenvolvimento da vacina, descobriu-se que a mesma técnica poderia ser usada para imunizar o gado contra a fasciolose, cujo parasita causador é semelhante ao da esquistossomose. Estima-se que a doença cause US$ 3 bilhões de prejuízo todos os anos no mundo.
Foi justamente a possibilidade de lucro com o aspecto veterinário que motivou a Ourofino --até então restrita ao agronegócio-- a se aventurar no projeto.
"Era uma possibilidade de negócio que nós não poderíamos descartar. Estávamos de olho nisso há muito tempo", diz o diretor da empresa.
De acordo com ele, a vacina para humanos não será deixada de lado devido à projeção de lucros.
A criadora da técnica, Miriam Tendler, afirma que a aproximação com a indústria veterinária é positiva para acelerar o tratamento.
"A esquistossomose é uma doença que atinge principalmente os países pobres e em desenvolvimento. Esse interesse da indústria é muito importante para impulsionar o tratamento", disse a médica.
Fonte: Folha online
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